Existe uma certa burrice no altruísmo, não que eu ache que você não deve ajudar os outros, fazer o bem sem ver a quem te faz bem também. O problema é quando você se doa demais e não sobra nada, quando cada sorriso alheio é construído em cima de uma chaga sua. Masoquismo. Eu sou humano, o primeiro na arte de se por em segundo plano. Só existe desespero quando o outro vai embora e você se percebe vazio, todas as lagrimas que você segurou, e todo o orgulho que você engoliu, de nada valem. E a sensação de impotência e de desimportância só causam destruição. A culpa do seu auto-sacrifício é de ninguém mais se não sua, mas toda a alma que você doou parte com aquele que se vai, e te dilacera por inteiro, e te faz insistir, berrar, espernear.
Assim um até logo vira adeus, um talvez vira nunca. A esperança vira desolação. O passado não muda, mas ensina, e eu tenho que aprender a me amar melhor. Isso não é sobre amor, é sobre ansiedade, e sobre a dor da saudade da paz em mim.
Às vezes a gente precisa andar na direção oposta àquela que o nosso coração manda e isso nos dilacera por dentro, remói nossas entranhas, nos tira a paz. É horrivelmente difícil dar adeus, porém as vezes se faz necessário. Não há aprendizado sem dor e quanto maior a dor, maior o aprendizado, e se, no final isso tiver nos ajudado a ser uma pessoa melhor, valeu a pena.
Hoje preciso dizer adeus, mesmo contra minha vontade, mesmo com tudo o que eu sinto me implorando pra voltar atrás, é hora de amadurecer. Por muito tempo eu pisei nos meus sentimentos em prol da felicidade dos outros, me destruí inúmeras vezes pela chande de um dia mais, mas hoje não. Hoje sou eu que puxo o gatilho, eu vou ser o senhor da minha dor, do meu destino da minha paz. Eu nunca vou te esquecer, mas eu vou seguir em frente, por mim, por nós, pra que nossa morte não seja em vão. Acima de tudo eu estou dando adeus às correntes que me prendem, ao sagrado que me prende no chão quando que quero voar, adeus ao passado, ao remorso ao não dito, ao que poderia ter sido. Isso é maior do que eu, que nós, isso é sobre redenção.
But my feelings will never die,
And my love will always shine.
Uma vez o demônio me disse: "Vamos jogar um jogo" e eu aceitei. Porém o problema de jogar com o pai da mentira é que muito provavelmente você vai quebrar a cara, foi o que me aconteceu. Às vezes você conhece a verdadeira personalidade de alguém da pior maneira possível, e você aprende que não importa o quão profundos e bonitos os laços possam ser sempre um dos lados pode sair do jogo na metade e te deixar à ver navios como se nada tivesse acontecido. Daí você percebe que tudo sempre se repete e que quem vier depois vai ter o mesmo destino que o seu, não importa o quanto você tenha se esforçado ou se deu o melhor de você, simplesmente não existe vencedor. E se o inferno é a eterna tentativa infrutífera, o que pode ser mais tormentante do que viver ao lado de alguém que não vai te levar a lugar nenhum. Talvez a derrota tenha sido a minha maior vitória, embora assumir a perda seja algo arrasador e humilhante é também sinal de aprendizado, e o meu foi que não se deve brincar com fogo.
"Até aqui chegastes e daqui não passarás, e as ondas do teu orgulho não seguirão além." Jó 38:11
Já escrevi, já rasguei, ja pensei em forjar
O teu nome com o meu pra ninguém apagar
Já matei, já morri, já pensei em lutar
No final sempre volto pro mesmo lugar
Te odiei, perdoei
Quis deletar você
Te amei, me apaguei
E só me machuquei
Quero mais, muito mais
Quando você saiu
A chama não apagou
Sequer se esvaiu
Quero amor, quero dor
Violência brutal
Quero sujar de sangue
Teu jogo de lençol
Pois os dias se fazem
Nesta paz irritante
E tua voz peculiar
É alegria excitante.
Como diria o poeta "algumas pessoas são como planetas gasosos, sua beleza foi feita para ser admirada à distância", e como eu busquei por esses planetas, como corri atrás do que era belo, do que chamava atenção, do que enchia o olhar. E foi orbitanto um desses grandes corpos celestes tão pomposos e cheios de garbo que eu descobri você, um pequeno corpo celeste apagado e aparentemente desinteressante, pairando no éter. Por algum motivo cativaste minha atenção, e eu iniciei o meu processo de descida. Ao me aproximar, sua geografia que outrora parecia tão comum e vazia se revelou cheia de supresas magníficas, vales, picos, e até mesmo depressões de uma complexidade fantástica. Eu me encantei e tratei de explorar com afinco; cada quilômetro, cada nuance, cada singularidade. E valeu a pena, como valeu a pena. Nada tenho a reclamar, se não de mim mesmo, hoje luto com uma força brutal pra não me fincar minha bandeira e segregar "minha" descoberta de olhos mais atentos. Mas também não faço questão de bradar aos ventos os rumos de minha exploração. Deixa quieto, deixa ser, prefiro compartilhar os louros do sucesso com aqueles que como eu foram capazes de ver beleza em planetas rochosos.
Eu abro a tua janela como quem abre uma caixa de analgésico em meio a uma crise de dor. Os efeitos colaterias são nocivos, por isso exito em tomar o comprimido da tua companhia. Resisto e aguento a dor latejante que rasga minha alma, quando uma simples dose poderia me curar. Nos tempos de saúde você era meu placebo, eu ignorava a posologia e quase entrava em overdose. Mas o tempo passou e você perdeu a eficácia, resolvi interromper nosso tratamento. Ainda há muita infecção atrás do que não dissemos -existem muitos sintomas há serem tratados. Talvez a dose seja insuficiente, talvez eu precise tomar algo mais forte. Hoje sofro por crise de abistinência, só que remédios vencidos não fazem efeito.